terça-feira, 25 de março de 2014

Consequências

"Judá, seus irmãos o louvarão, sua mão está sobre o pescoço dos seus inimigos; os filhos de seu pai se curvarão diante de você. [...] O cetro não se apartará de Judá, nem o bastão de comando de seus descendentes, até que venha aquele a quem ele pertence, e a ele as nações obedecerão. (Gênesis 49:8 e 10)

O capitulo 49 de Gênesis trata da bênção que Jacó dá aos seus dose filhos, e os versos retirados acima tratam da bênção concedida ao seu filho Judá. A bênção trata, primeiro da primazia de Judá em relação aos seus irmãos, e segundo, em relação ao reinado, que não se afastaria da sua descendência. Temos nessa bênção a primeira clara profecia bíblica messiânica quando é dito "até que venha aquele a quem ele (o cetro) pertence", referindo-se assim a Jesus, que pertenceria a tribo de Judá. A própria palavra "judeu" tem sua origem no nome de Judá. Mas o que vamos tratar aqui é o porque que Judá recebeu a maior bênção de seu pai, quando na verdade ela deveria pertencer ao primogênito de Jacó, Rúben, ou ainda a seus dois outros irmãos mais velho, Simeão e Leví. Veremos isso nas bênçãos que antecedem a de Judá.
Quando Jacó vai abençoar Rúben, no verso 3 e 4 do mesmo capitulo, e dito que "já não será superior, por que você subiu a cama de seu pai, ao meu leito, e o desonrou". Anteriormente, no capitulo 35 e verso 22 de Gênesis, é escrito, quase que isoladamente do andar da narrativa que "Rúben deitou-se com Bila, concubina de seu pai. E Israel (seu pai, também chamado de Jacó), ficou sabendo disso". Não nos é dito consequência alguma desse ato, sendo tratado como um fato corriqueiro, até o momento de Jacó abençoar seus filhos, e Rúben não ganhar a bênção digna do primogênito, por conta desse ato.
O mesmo ocorre com Levi e Simeão. Outro fato que, teoricamente não teve consequência imediata é a vingança, no capitulo 34 de Gênesis, iniciada por Leví e Simeão contra os siquemitas, um povo vizinho, por causa de seu príncipe ter desonrado a irmã deles, mesmo depois de tudo já ter sido resolvido por Jacó. Em sua bênção, nos versos 5 a 7, Jacó diz a Simeão e Leví que "Maldita seja sua ira, tão tremenda, e a sua fúria, tão cruel!".
Com Rúben, Simeão e Leví fora do caminho, sobrou Judá para receber a bênção de primogênito, mas o mesmo também já havia cometido seus erros: no capítulo 38 de Gênesis, Judá comete injustiça com a sua nora Tamar, por acreditar supersticiosamente que e a morte de seus filhos tinha algo a ver com ela, quando na verdade seus próprios filhos eram maus (verso 7 e 10), e ter, sem saber, dormido com essa própria nora (verso 16). 
Então qual foi a diferença entre ele e seus irmãos? Porque a bênção não passou para seu irmão Zebulom, o proximo da lista? Não é dito na Bíblia o motivo, mas um fato interessante é que Judá se arrependeu! Enquanto não é relatado desculpa alguma de Rúben, Simeão e Leví tentaram justificar a si mesmo (Gênesis34:31). Mas Judá, pelo mérito da sabedoria de sua nora injustiçada, percebeu seu erro e disse "Ela é mais justa do que eu, pois eu devia tê-la entregue meu filho Selá" (Gênesis38:26).
Que venhamos a aprender com isso. Mesmo o pecado de Judá teve consequências, mas o arrependimento pode ter permitido que ele recebesse a maior bênção de seu pai, e consequentemente a de Deus. Lembremo-nos de sempre nos arrepender, e não ficarmos omissos ou tentarmos nos justificar, como seus irmãos. Por que errarmos, com certeza vamos, agora o se arrepender depende de nós! Boa Tarde!

terça-feira, 18 de março de 2014

Um homem que teve um encontro com Jesus

"Desejando agradar a multidão, Pilatos soltou-lhes Barrabás, mandou açoitar Jesus e o entregou para se crucificado."(Marcos15:15)
Muitas pessoas quando vão estudar um personagem da Bíblia normalmente escolhem Davi, José ou Daniel, sem entender que desses já sabemos bastante. Não que não devamos estuda-los, mas creio que podemos aprender muito também com personagens menores da Bíblia. Pouco sabemos sobre Pôncio Pilatos, governador da Judeia nos tempos de Jesus, e são incertas as considerações acerca de seu destino e sua morte, mas podemos analisar bem seu interior a partir de seu encontro com Jesus relatado nos Evangelhos.
Umas coisa comumente aceita entre os historiadores e a Bíblia é que Pilatos era um homem sanguinário (Lucas13:1), era o responsável pela província romana da Judeia, lugar onde havia a concentração maior da fé judaica, por conta do templo de Jerusalém. Os relatos bíblicos começam quando os chefes dos sacerdotes entregam Jesus a Pilatos para que o condenem como um criminoso, Pilatos, porem, não quer entrar na causa e fala para que eles próprios o julguem em seu tribunal (João18:29-31), mas os judeus não podiam executar ninguém, então acusam falsamente Jesus diante de Pilatos. Pilatos sabia que o tinham entregado por inveja, (Mateus27:18) e tinha poder para soltar Jesus (João19:10), então ele começa um diálogo com Jesus descrito mais detalhadamente no capítulo 18 de João. Pilatos ficou impressionado com Jesus (Marcos15:7), e o manda para Herodes (Lucas23:7), o governador Galileia, para que este julgasse o caso. Herodes, também não querendo tomar o caso, o manda de volta para Pilatos que, para agradar os sacerdotes, manda castigar Jesus e depois solta-lo (Lucas23:16). Depois de açoitar Jesus, Pilatos provavelmente achava que os sacerdotes judeus o deixariam em paz, mas não foi o que aconteceu. Em virtude da insistência de Pilatos em não condenar Jesus, os sacerdotes revelam a real acusação: que Jesus se dizia ser filho de Deus! Agora Pilatos fica mais assustado ainda (João19-8). Então ele teve uma ideia: fazer o povo escolher entre Jesus e um criminoso, chamado Barrabás, por conta de uma tradição da época. Na cabeça de Pilatos o povo ia escolher a Jesus, pois Pilatos desejava solta-lo (Lucas23:20). Porem a multidão, influenciada pelos sacerdotes, acaba por escolher Barrabás, e Pilatos é posto contra parede! Como se não bastasse, a sua mulher manda-lhe uma mensagem dizendo que teve um sonho sobre Jesus que a deixou aflita, e que não era para Pilatos entrar nesse caso (Mateus27:19). Pilatos insistiu por três vezes, contra a multidão, para que Jesus fosse solto (Lucas23:22) mas o povo não concordou. Então, segue o verso acima, em que Pilatos "querendo agradar a multidão" manda Jesus para a crucificação. Pilatos ainda, ousadamente, para manifestar-se contra os sacerdotes que condenaram um homem inocente a morte, escreve em aramaico, latim e grego, como acusação, na cruz, que Jesus é o rei dos judeus, apesar da reclamação dos judeus que liam isso (João19:19-22).
O que aprendemos com Pilatos? Que Deus nos cobra algumas atitudes quando temos um encontro com Ele. Pilatos temeu Jesus, percebeu que ele não era qualquer um. Tentou se desfazer da responsabilidade, passando-a para Herodes e para multidão, mas não adiantou. Queria solta-lo, mas havia muita coisa em jogo: provavelmente haveria uma rebelião e ele perderia seu cargo de governador. Infelizmente, Pilatos decidiu agradar o povo, no lugar de agradar a Deus. Tentando justificar-se, Pilatos "lava as mãos" (Mateus27:24). Muitas vezes também tentamos nos justificar inutilmente por não tomarmos uma decisão diante de Deus, ou passar essa decisão para terceiros, ou tentamos ganhar tempo ou ainda protegermos a causa de Jesus, como fez Pilatos. Mas quando temos um encontro com Deus uma decisão é necessária! Quando Jesus fala com Pilatos, Jesus diz a ele que o pecado maior foi o dos que o entregaram à ele (João19:11). Será que Pilatos pode se arrepender depois? Fontes históricas dizem que ele perdeu seu cargo de governador por conta de um incidente com samaritanos, e cometeu suicídio, mas é difícil dizer o que é realmente verídico. Mas o importante é que podemos tomar sua história como uma lição, sobre a nossas responsabilidades diante de Deus. E você? Solta ou crucifica Jesus em sua vida?
Boa noite!

quarta-feira, 12 de março de 2014

Superstições Gospels



 Houve um caso acontecido na  mídia sobre um pastor de uma certa igreja que proibiu sua congregação de consumir a maionese Hellmann’s, por que, em uma tradução livre do inglês, esse nome significaria  "homem do inferno", e que ela traria malefícios para quem a consumisse. Boato ou não, a realidade é que Hellmanns é o sobrenome do criador da marca, Richard Hellmann, que, em primeiro lugar nem inglês era, e sim alemão. Logo, não podemos fazer uma tradução em uma língua de um nome em outra língua. E ainda que tivesse esse significado, não acredito que isso prejudicaria alguém espiritualmente, já que o próprio Paulo diz, na primeira carta aos Corintios, no capítulo 8, que a comida sacrificada ao ídolos não faz mal, e que o único motivo para não come-la é não fazer o irmão que não tem ciência disso se escandalizar. Oras, ninguém se escandaliza de comer maionese, e desacredito da tendência de pensamentos de alguns de que isso seria, de alguma forma misteriosa, uma "brecha" para o inimigo. Esse tipo de pensamento vai nos levar para o real tema desse post: superstições gospels.
Muitos cristão tem certas crendices que, em sua maioria, não tem nada a ver com a realidade espiritual da coisa. Vou falar de uma que me incomoda a muito tempo: muitos cristãos não falam as palavras Rá-tim-bum, depois da musiquinha de aniversário, por que alguém um dia inventou que essa palavra significa "Eu amaldiçoou você" em tupi-guarani. Para mim tanto faz a musiquinha em si, o problema são as superstições trazidas ao evangelho através de pensamentos como esse. Vamos então aos fatos:
Primeiro, quando ouvimos alguém falando japonês, por exemplo, a pronuncia das palavras já nos indica que se trata da língua japonesa, ou pelo menos uma língua oriental. Vamos pensar nas palavras em tupi que conhecemos: "tamanduateí", "anhaguera", "jacaré", "itaquaquecetuba", "capivara". Vemos que nenhuma delas nem lembra a pronuncia de Rá-tim-bum. E, na verdade, duvido muito que haja uma língua em que a palavra "eu" e "você" tenham uma pronuncia dessas.
Segundo, vamos dizer que houvesse uma ramificação do tupi em que Rá-tim-bum realmente significasse a frase em questão, ou mesmo em uma outra língua qualquer. Estaríamos amaldiçoando alguém em falar isso sem saber o significado? Há algum caso, meramente parecido na Bíblia, de alguém que amaldiçoa uma outra pessoa sem querer? Então teríamos que tomar muito cuidado com que falamos, por que simples palavras como o nosso "sim" tem a mesma pronuncia que "sin", palavra em inglês que significa pecado, e quantas outras palavras que usamos não teriam outros significados em uma das milhares de línguas que existem no mundo a fora?
Terceiro, a palavra Rá-tim-bum, tradicionalmente falando, é considerada onomatopeia do toque da bateria: "rá" o toque da caixa, "tim"  do chimbal e "bum" do bumbo. Não é muito mais obvio?
Acho que os cristãos tem muito mais com que se preocupar do que ficar tentando achar cabelo em ovos, quem sabe depois que o evangelho já tiver sido pregado em todo mundo ai sim será uma boa hora de pegar nossos dicionários de línguas estrangeiras e averiguar palavra por palavra para sabermos se podemos ou não pronuncia-las! É claro, há muitos outros exemplos, mas quis me abster a esses dois. Se você conhece algum diferente, poste no comentário! Uma boa tarde para vocês!

quarta-feira, 5 de março de 2014

Orgulho Pentecostal?

"Agora, irmãos, se eu for visitá-los e falar em línguas, em que lhes serei útil, a não ser que lhes leve alguma revelação, ou conhecimento, ou profecia, ou doutrina? [...]Todavia, na igreja prefiro falar cinco palavras compreensíveis para instruir os outros a falar dez mil palavras em uma língua." (1 Coríntios 14:6 e 19)

No capítulo 14 da primeira epístola aos coríntios Paulo ensina à Igreja que o dom da profecia é superior ao de falar em línguas, decorrendo sobre a inutilidade, em relação a edificação de toda a Igreja, de se falar em línguas sem que haja alguém que a traduza. O que podemos trazer disso para hoje? Já vi, diversas vezes, pregadores subirem ao púlpito e falar com orgulho: "Eu sou pentecostal!", e, mais de uma vez, presenciei falatórios em línguas do pregador durante todo o tempo separado para a mensagem, sem nenhuma mensagem em si ser pregada! E o pior é que muitos destes não deve nem saber o significado real do termo "pentecostes".Vamos falar um pouco sobre isso:
O pentecostes era a festa judaica das semanas no Velho Testamento (Deuteronômio16:9-10), onde se esperava sete semanas após o início da seara, depois da Páscoa, e no quinquagésimo dia se comemorava essa festa, como agradecimento pelo alimento a Deus. Por ser sete semanas, a festa acabava ocorrendo cinquenta dia após a Páscoa, o que deu origem, no grego, ao nome pentecostes, que significa "quinquagésimo dia".
No Novo Testamento, é importante entendermos que, no capitulo 2 de Atos dos Apóstolos, o falar em línguas após a decida do Espírito Santo não foi um acontecimento qualquer: na época do Novo Testamento, todas as pessoas eram bilíngues: falavam grego, por causa do domínio grego ocorrido cerca de 300 anos antes, e a sua língua natal. O grego era como o inglês hoje em dia, uma língua universal. No dia da festa de Pentecostes, muitos judeus e pessoas de diversos povos iam ao templo de Jerusalém, e para se comunicar, todos eles usavam o grego. Imagine então a surpresa deles ao ouvirem os discípulos e apóstolos falarem em suas línguas maternas (Atos2:7-12). Por isso muitos se converteram naquele dia!
A palavra entendível é muito importante dentro da igreja. E quanto ao pregador, é melhor que ele não seja "pentecostal" em cima do púlpito, mas fale claramente a palavra de Deus. É engraçado como há uma questão de prepotência na fala de "Eu sou pentecostal", quando muitas vezes resumimos o Espírito Santo ao menor de seus dons. (1 Coríntios 12:8-10) É bom que a igreja fale em línguas? Com certeza! Mas é muito mais importante que a igreja esteja bem instruída em relação a palavra de Deus. Nisso, os tradicionais que, ao contrário dos que muitos pensam, acreditam sim nos dons do Espírito, estão na nossa frente! Por fim declaro que o dom de línguas é sim maravilhoso e é muito lindo quando acontece de forma harmoniosa. Mas não podemos trocar as prioridades, a pregação ainda é a parte mais importante do culto. Boa noite!