quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Cristão, evangélico, protestante, graças a Deus!

Sempre quando alguém pergunta qual a minha religião eu sou acostumado a dizer "sou cristão, evangélico, protestante, graças a Deus". Como amanhã, dia 31 de outubro, é dia da Reforma Protestante, achei interessante falar sobre esses termos que nos classificam dentro do cristianismo, e a profundidade de cada um deles.
O primeiro deles tem sua origem descrita na própria Bíblia, no livro de Atos, onde está escrito "Em Antioquia foram os discípulos pela primeira vez chamados cristãos" (11:26). Foi nesse capítulo que os discípulos dispersos começaram a pregar aos que não eram judeus, transformando o cristianismo assim não só em uma continuação do judaismo, mas sim em uma religião nova. O nome "cristão"veio após um ano de ensino de Paulo e Barnabé em Antioquia, onde muitos se converteram a Cristo e o reino de Deus cresceu. Ser cristão é ser reconhecido como um seguidor de Cristo, é refletir a vida de Cristo em sua própria vida.
Em ordem cronológica, o segundo termo, "protestante", veio da Reforma Protestante, no século XVI, quando Martinho Lutero foi contra as coisas que estavam em desacordo com a Bíblia na Igreja Católica, de forma a sofrer perseguição e ter até a cabeça a premio. Foram chamados de protestantes os príncipes que ficaram a favor de Lutero, e concordaram que seus países seguiriam o Luteranismo, o que foi um marco da consolidação do que viria a ser chamada de protestantismo. Ser protestante é não ir com "todo mundo", é lutar contra a maré, é defender a Bíblia mesmo quando a própria Igreja age contra seus princípios. É se por em risco para que as pessoas possam ver a verdade.
O terceiro, "evangélico", é referente ao tempo pós reforma, em meados do século XVIII, quando as igrejas protestantes, de tanto serem intimados a defenderem a sua teologia, se esqueceram de manterem uma vida piedosa, como a dos reformadores. Então pessoas como Jonathan Edwards, George Whitefield e John Wesley, forças de um "Grande Despertar" da Inglaterra, lembraram os povos que a vida com Cristo não é apenas feita de conhecimentos, mas sim de entregar-se a Cristo. Além disso foram também os evangélicos responsáveis por serviços sociais aos pobres dos subúrbios ingleses e missões as Américas. Ser evangélico e não se contentar com frieza espiritual, é amar os pobres, é querer levar o evangelho a todos.
Para terminar posso citar mais um termo, o "pentecostal". O pentecostalismo nasceu no início do século XX, e o reavivamento da Rua Azusa em Chicago foi muito mais que o redescobrimento do dom de falar em línguas: foi um chamado para missões. As pessoas que vinham para esses cultos ficavam tão estarrecidas com o poder de Deus que o arder do fogo divino os faziam querer espalhar aquela mensagem a todo mundo, de forma que o pentecostalismo rapidamente se espalhou, tendo, em poucos anos, se firmado pela América do Sul e pelo sul da África. Pentecostal é fazer missões, é ter uma verdadeira paixão por Deus que torna impossível não falar de Seu amor.
Espero que entendamos a responsabilidade de sermos cristãos, evangélico, protestante, pentecostais, etc. E que muito mais que um título, que essa seja a nossa forma de viver, e não só um identificador social, uma moda ou crença. Que possamos fazer a diferença nesse mundo como essas pessoas o fizeram, renovando o cristianismo de tal forma a ser necessário um novo nome para representa-lo, pois, apesar de basicamente continuar igual, já não era mais o mesmo! Boa noite!
 

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Falar e fácil, ouvir é difícil

"O tolo não tem prazer no entendimento, mas sim em expor os seus pensamentos" (Provérbio18:2)

Com a internet o que mais vemos são pessoas expressando suas opiniões, falando o que acham sobre os mais determinados assuntos. Em nossas linhas do tempo do Facebook temos uma cachoeira dos mais diversos tipo de informações, debates, argumentos, e muito mais agora que estamos em época de eleição.
Mas outra coisa também que encontramos com frequência, dentro e fora da rede, e até em nós mesmo, é a dificuldade de considerarmos as argumentos conflitantes com os nossos. E ai que chegamos ao verso exposto acima.
O livro de Provérbios utiliza em sobremodo antíteses entre o tolo e o sábio, e no texto que extraímos não é diferente. O texto refere o tolo como alguém que tem prazer em "expor seus pensamentos" mas não no "conhecimento" em si. São aquelas pessoas que entram em um debate para convencer a outra pessoa do que acha que é a verdade, mas não ouve nada do que a outra pessoa argumenta. Muitas vezes já fui tolo no sentido desse texto! E é interessante o que a Bíblia diz a esse respeito, levando em conta a inversão de valores da sociedade: aquele que argumenta sem dar valor a opinião alheia se acha mais sábio, porém, segundo a Bíblia, é o tolo. Temos que aprender a ouvir e compreender as pessoas, ainda mais nós, cristãos, por conhecermos a Verdade, muitas vezes achamos que a verdade dos outros é inútil e indigna de ser refletida. Será que não podemos aprender nada com os budistas, por exemplo? Em um dos meus posts de abril, "Amor: o maior dom", conto a história que passei no ponto de ônibus da fracassada tentativa de um homem cristão de evangelizar uma mulher budista, e como a situação terminou tensa, por conta do homem simplesmente ignora-la sobre sua verdade, unicamente tentando provar que seus argumentos estavam corretos.
Outra coisa que também podemos citar é a dificuldade de ouvirmos criticas positivas. Na verdade, acho que toda crítica que chega aos ouvidos humanos, já chega com um gosto negativo, independente de realmente a ser. Temos que aprender a ouvir nossos erros sem darmos uma justificativa logo em seguida, aprendermos a dizer, simplesmente, "eu errei" ou "eu me enganei". Até por que esse atributo se aplica também ao nosso relacionamento com Deus, e aprender a entender a repreensão do próximo talvez nos ajude entender a de Deus!
Temos que aprender a ouvir, e não só ouvir, mas compreendermos os outros. Considerar realmente o que o outro fala não somente como "algo que vou concordar para não perder a amizade", mas como algo que pode te ajudar para a sua edificação pessoal, espiritual, intelectual, etc. E você se não concordada com que eu escrevi, poste nos comentários, e eu por minha vez, tentarei não ser tolo nesse sentido, e sim sábio, pois, como diz o próprio livro de Provérbios "Não repreenda o zombador, caso contrário ele o odiará, repreenda o sábio, e ele o amará" (Provérbios 9:8). Boa noite!

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

O problema da "boa" profecia


"Amém! Que assim faça o Senhor! [...] Entretanto, ouça o que tenho a dizer a você e a todo povo: Os profetas que precederam a você e a mim, desde os tempos antigos, profetizaram guerra, desgraça, e pestes contra muitas nações e grandes reinos. Mas o profeta que profetiza prosperidade será reconhecido como verdadeiro enviado do Senhor quando aquilo que profetizou  se realizar." (Jeremias28:6,8-9)

 O texto acima extraído relata a frase de Jeremias para seu "rival", o pseudo profeta Hananias, que estava profetizando prosperidade para o povo de Israel, como resposta aos tempos de crise que o povo passava após o cativeiro babilônico. Essa resposta de Jeremias pode nos trazer uma grande reflexão sobre a profecia, e como ela é tratada nos tempo atuais.
Em praticamente todo o livro de Jeremias, vemos que o profeta é desacreditado pela sua pregação de que Israel deveria se submeter à Babilônia, por causa da fé cega dos israelitas de que era impossível alguém tocar na "terra prometida", e que, mesmo durante o momento crise,  Deus iria se levantar e salva-los. Para piorar tudo, agora Hananias profetizava que realmente todo o momento de crise ia passar, desconstruindo todo o trabalho que Jeremias tinha feito. Mas Jeremias, como verdadeiro homem de Deus que era, solbe responder a altura.
Primeiramente, Jeremias apoiou Hananias, pois, apesar de pregar a desgraça da nação, não era a vontade de Jeremias que isso acontecesse, e sim que os tempos difíceis tivessem fim. Porem Jeremias sabia que tinha recebido uma revelação de Deus que as coisas ruins aconteceriam e, a não ser que todo o povo tivesse realmente se arrependido, a profecia de Hananias parecia muito suspeita.
Jeremias então, alerta seu colega que, as profecias que ocorreram antes deles sempre foram de "guerras, desgraças, e pestes", demonstrando que não era tão comum a sim a profecia de prosperidade. E é verdade! Se lermos os profetas bíblicos vemos que a grande maioria deles profetizavam coisas ruins, por que esses tipos de profecias foram necessários para que o povo de Deus se arrependesse, e se aproximasse mais Dele. A profecia de prosperidade dá consolo, porem não é tão importante quanto a outra.
Infelizmente a igreja atual corre atrás de boas profecias, mas será que é isso mesmo que Deus quer que ouçamos? E sabendo disso, muitos Hananias modernos profetizam falsamente maravilhas para ganhar a graça da comunidade, sem se preocupar se é realmente isso que a ela precisa ouvir.
Outro alerta que Jeremias lança para Hananias é o de que só após o comprimento da profecia de prosperidade o profeta será reconhecido. Quantas profecias de prosperidade já vimos não se cumprindo? Infelizmente pregadores laçam profecias como se fossem balas, para a congregação, sem saber a seriedade da coisa. A falso profeta no Velho Testamento era tratada com severidade, até pela consequência que a falsa profecia podia trazer: ela levou a morte o jovem profeta (1 Reis 13), o rei Acabe (2 Cronicas 18), e agora levaria o povo a desacreditar da palavra de Deus dita por Jeremias.
E um dever da Igreja estar alerta a falsa profecia, principalmente quando essa vem em um bonito embrulho. Ensinar que não é só por que eu quero bem a um irmão, ou por que eu "senti", que vou profetizar algo bom para ele. Ensinar que as profecias de gravar CD, casamento tem um grande potencial de não serem verdadeiras. E o pior de tudo é que, assim como Israel não reconheceu Jeremias, muitas vezes preocupados com a falsa profecia, deixamos de reconhecer a verdadeira! No caso da história de Jeremias, a falsa profecia levou a morte do profeta e incentivou a rebeldia de Israel, mesmo, aos olhos dos homens, sendo uma boa profecia. Lembremos do que disse Jesus que "e numerosos falsos profetas surgirão e enganaram a muitos" (Mateus24:11).
Boa noite!