quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Como música para os ouvidos?


"O meu povo vem a você, como costuma fazer, e se assenta para ouvir suas palavras, mas não as põe em pratica. Com a boca eles expressão devoção, mas o coração deles está avido de ganhos injustos. De fato, para eles você não é nada mais que um cantor que entoa cânticos de amor com uma bela voz e que sabe tocar um instrumento, pois eles ouvem as suas palavras, mas não as põe em prática." (Ezequiel33:31-32)

Ezequiel viveu durante um tempo complicado. O povo de Israel, apesar de ter sido recentemente levado em cativeiro, não conseguiam compreender o sentido da pregação. Deus chega até a dizer, que se tivesse mandado Ezequiel para outros povos eles certamente entenderiam (3:6). Mas por que eles não compreendiam a mensagem de Deus? Sobre isso que vamos refletir hoje.
O pensamento que temos, em geral, é que a pessoa não entende a palavra de Deus quando não dá crédito ao pregador ou quando não gosta da mensagem. Mas esse não era o caso dos israelitas, pois eles gostavam da palavra de Ezequiel, como vemos acima, e, com certeza, davam-lhe crédito de profeta. Mas o problema é que eles recebiam a pregação como um entretenimento. Deus diz que a voz de Ezequiel era, para eles, como uma música, que eles ouviam, aproveitavam, gostavam e nada mais. Não provocava mudança alguma neles.
A Igreja cristã não pode interpretar o culto como um show. E não digo nem em relação a música, mas a pregação em si. Quantas vezes já ouvi dizerem, no fim do culto, algo como "viu como ele prega?", mas será que o conteúdo da pregação permaneceu em nossos corações? Ou estamos apenas impressionado com o conteúdo teológico ou o "fogo" do pregador? Será que como os israelitas no tempo de Ezequiel, estamos considerando a palavra de Deus um show? Como saberemos? Vemos  no próprio texto a resposta, pois se ela fez efeito, então temos que coloca-la em prática.
Que fiquemos atentos a isso. Hoje faço minha trigésima terceira postagem no blog, nada melhor que o trigésimo terceiro capítulo de Ezequiel! E para concluir, as palavras do homem que morreu por mim e por você no trigésimo terceiro ano de vida, mas que vive para todo sempre: "Mas quem ouve estas minhas palavras e não as pratica é como um insensato que construiu a sua casa sobre a areia. Caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e deram contra aquela casa, e ela caiu. E foi grande a sua queda" (Mateus 7:27-28). Boa noite!

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

O cristão e as leis

"Jesus respondeu: "Moisés lhes permitiu divorciar-se de suas mulheres por causa da dureza de coração de vocês. Mas não foi assim desde o princípio." (Mateus19:8)

Vejam que interessante o contexto dos versos a cima. Quando os fariseus perguntam para Jesus se poderiam se divorciar de suas mulheres sem motivo algum, ele respondeu que não. Achando que o tinham pego em uma contradição com as escrituras, os fariseus argumentam que Moisés permitiu que fosse dada carta de divorcio, então por que ele estava falando algo que não concordava com a Lei de Moisés? Então Jesus respondeu o texto a cima, que nos pode trazer a uma boa reflexão.
Vejo muitas pessoas julgando outras por se dizerem cristãos e serem a favor de algumas leis que vão, teoricamente, contra a Bíblia, mas é interessante que o próprio Moisés, fez uma lei que, como Jesus explica, é contra a vontade maior de Deus.  O que? Vou explicar: Deus nunca quis que ocorresse o divorcio, como explica Jesus, porem ele iria ocorrer, de qualquer forma, por causa da dureza do coração do povo. Então não seria melhor fazer uma lei para regulamenta-lo? A mesma coisa acontece, por exemplo, com a escravidão na lei do Velho Testamento e na carta de Paulo a Filemon. Creio que Deus nunca foi a favor da escravidão, porem, pela cultura do povo contemporâneo aos escritos, era melhor que a escravidão fosse regulamentada do que, banida na lei, continuar a acontecer de forma descontrolada. Tudo isso por conta da "dureza de coração" do povo. Inclusive, foi por influência do cristianismo que a escravidão deixou de acontecer, no Império Romano. Nós como cristãos não viemos para criar leis, mas para sermos influência. Lembremos que caso o mundo todo fosse movido por leis cristãs, ainda que todos obedecessem tudo, o que, na prática, seria impossível, não haveria salvação, por que a salvação não vem do cumprimento da lei, mas de conhecermos a Cristo!
Se formos pensar hoje em dia, em um assunto polêmico: é possível a pessoa ser a favor da lei do aborto e ser contra o aborto? Por que digo isso? Já tive a experiência de conhecer uma mulher cristã que abortou, e nem a lei dos homens, nem influência dos amigos e nem a lei de Deus conseguiram impedir que ela o fizesse, por causa da extrema situação em que se encontrava. Fazer o aborto de forma clandestina é altamente perigoso para a mulher,  podendo leva até o óbito da mãe, sem contar os traumas físicos e psicológicos que possam ocorrer durante o processo. Além disso, um aborto legal (referente à lei)  poderia, através de um plano psicológico, até fazer com que a mulher desistisse de abortar. Então creio eu, que, muito provavelmente, a lei a favor do aborto, se regulamentada de forma coesa, salvaria mais vidas do que as tiraria. E, aliás, muitos que são contra a lei do aborto não se colocam no lugar da mulher, que, com toda certeza não está fazendo isso por um mero capricho, e sim por estarem em uma situação limite.
Por fim, creio que uma pessoa cristã não deve enfiar as normas da Bíblia goela abaixo das outras pessoas, mas apenas ser cristão, luz do mundo, e sua influência fará o que nenhuma lei jamais faria. É isso! Boa noite!

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Jonas: um homem que não amava o próximo

"Senhor, não foi isso que eu disse quando ainda estava em casa? Foi por isso que me apressei em fugir para Társis. Eu sabia que tu és um Deus misericordioso e compassivo, muito paciente, cheio de amor e que promete castigar mas depois te arrependes." (Jonas 4:1-2)

A história de Jonas, no Velho Testamento, é muito conhecida: Jonas foi o homem que foi incumbido por Deus a levar uma mensagem, porem, desobedecendo, acabou engolido por um grande peixe, do qual Deus lhe salvou após ter se arrependido e se comprometido a cumprir sua incumbência. O que não aparece nesse resumo rápido que normalmente fazemos da história de Jonas é o motivo de sua desobediência.
A Bíblia relata alguns conflitos entre Assíria e Israel, terra de Jonas, posteriores aos relatos do profeta. Inclusive a mesma é responsável pelo exílio do povo hebreu, mais adiante na história (2 Reis 17). Podemos então começar a entender a história de Jonas.
Jonas recebe uma ordem de Deus para que pregasse o arrependimento à Nínive, capital da Assíria. Se aquela mensagem fosse bem recebida pelos assírios, Deus não destruiria a cidade. O problema é que, provavelmente, a destruição da capital inimiga seria um ganho para o povo de Israel. E Jonas, como "bom"  hebreu (1:9) que era, não queria que a cidade fosse destruída. Mas os sentimentos de Jonas são revelados apenas no final do livro quando, depois de toda a reviravolta envolvendo o grande (e polêmico) peixe, a cidade de Nínive se arrepende e Jonas, orando a Deus, fala os versos acima.Vemos então que, desde o momento em que estava em sua casa, Jonas já estava disposto a não cumprir sua missão, por medo de Deus perdoar a cidade assíria. Como se não fosse o bastante, Jonas se torna o único personagem bíblico do qual tenho conhecimento a reclamar da misericórdia e do amor de Deus, sendo que ele mesmo foi vitima dessa misericórdia!
A verdadeira história do livro de Jonas não é referente à desobediência, mas à falta de amor. Falta de amor para com seres humanos de outra etnia e religião. Seres humanos esse que, muitas vezes, são odiados por contextos alheios as suas vontades, e que também são vítimas. No fim, Deus tinha reservado aquele dia para ensinar uma lição importante para Jonas: através de uma planta, a qual Jonas se apegou, Deus lhe mostra quanto mais valor não tinha a cidade de Nínive, e que, apesar de um contexto geral de inimizade com Israel, tinha apenas cidadãos que nem sabiam distinguir direito o certo do errado (4:11).
O que podemos aprender com o Livro de Jonas? Muito mais do que a obedecer! Aprendemos a amar o próximo, a não generalizar as pessoas por sua raça, costume, religião, etc. e não dar mais valor as coisas materiais, (no caso, a planta) do que a vidas. Como bem disse Jesus " [...] amarás o próximo como a si mesmo. Deste dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas." ( Mateus 22:39-40) Boa noite!

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Sobre anjos e suas asas

Qual a primeira imagem que vem a nossa cabeça quando falamos a palavra "anjo"? Com certeza, uma pessoa, normalmente homem, com grande asas brancas, loiro, etc. Mas será que eles são mesmo dessa forma? A Bíblia, pelo menos, nos mostra algo diferente.
Primeiro entendamos a palavra "anjo". Podemos observar que, em grande parte das vezes que aparece na Bíblia, a palavra é acompanhada por "do Senhor". Se formos encontrar a raiz da palavra "anjo", vemos que ela significa, do latim "angelus" mensageiro, ou seja, o anjo é um mensageiro de Deus. Inclusive, grande parte das vezes que um anjo aparece na Bíblia é para entregar uma mensagem de Deus para alguém.
Mas há algo muito mais interessante que podemos deduzir sobre os anjos que encontramos na Bíblia: eles não tem asa! Em nenhuma parte da Bíblia os anjos são relacionados às asas e nenhum personagem bíblico viu asas de anjos. Você pode me dizer que Ezequiel em seu primeiro capítulo e Isaías em seu sexto capítulo viram seres celestiais alados. E realmente viram, mas os mesmos não eram anjos, e sim querubins e serafins, que, aí sim, são seres celestiais com asas; mas não são anjos, até por que em nenhum momento da Bíblia são usados para entregar mensagens à ninguem. E mesmo os querubins, que também são os seres que estão acima da arca da aliança, são seres cuja forma diferencia-se grandemente de como entendemos os anjos (só ler Ezequiel 1 para entender).
Além disso, podemos ver claramente em algumas passagens Bíblicas, como Gênesis19:1-5; Juizes13:16, 6:21-22; Hebreus13:2 etc., que os anjos não são identificados, de princípio pelas pessoas, e normalmente, como na ressurreição de Jesus nos Evangelhos, são tido apenas como "jovem vestido de roupas brancas" (Marcos16:5). Com certeza se eu visse um ser alado logo saberia que se trataria de um ser sobrenatural, e, em sua descrição escreveria sobre suas asas, duas coisas que não acontecem nas escrituras, quando falamos sobre os anjos. 
Para concluir, temos que a primeira associação bíblica dos anjos ao voo, que conheço, acontece em Apocalipse (ultimo livro dos 66 livros bíblicos), que diz "e vi outro anjo voar" (14:16) o que não significa, obviamente, que ele tenha asas, mas simplesmente o "poder" de voar.
Então da onde vem os anjos e suas asas? Não sabemos. Mas é provável que venha da associação errônea dos anjos com serafins, ou até mesmo com seres de mitologias, como Eros (o cupido), deus grego do amor, que tem a aparência de uma criança, normalmente nua, com asas, arco e flecha.   
O que podemos aprender com tudo isso? Que, quem sabe, como diz o próprio apóstolo Paulo em Hebreus (referência no parágrafo acima), não podemos ter nos deparado com um anjo sem sabermos? Não para criar em nós um sentimento místico, mas para que pensemos nos livramentos que Deus nos dá e até mesmo quantas vezes Deus pode não ter usado uma pessoa qualquer para falar conosco, sem sabermos que, na verdade, estamos recebendo uma mensagem de Deus? Boa noite!