quinta-feira, 24 de abril de 2014

A Páscoa cristã


"Ao comerem, estejam prontos a sair: cinto no lugar, sandálias nos pés e cajado na mão. Comam apressadamente. Esta é a Páscoa do SENHOR." (Êxodo12:11)
A festa de Páscoa já passou, mas não pude postar um texto sobre ela antes porque seria um "spoile" de um estudo que houve na minha igreja. Mesmo assim, acho válido falar sobre isso aqui. O capitulo 12 de Êxodo trata do significado da Páscoa Judaica, ou seja, a "Pesach" termo hebraico que significa "passagem". Essa "Pesach", muito resumidamente falando, foi a refeição que foi feita no ultimo dia de escravidão dos hebreus na terra do Egito, que deveria ser repetida no dia 14 do 1° mês (do calendário judaico) de todos os anos como memória da libertação que Deus concedeu ao povo hebreu. Nessa refeição, que é feita pelos judeus até hoje, come-se pão asmos, ervas amargas e um cordeiro sem defeito, o qual não se podia quebrar os ossos (Êxodo12:46). A razão dessa cerimonia era passar, para as novas gerações, os grandes milagres que Deus tinha operado no Egito, para libertação do povo (Êxodo 12:26 e 13:14).
No ano da morte de Jesus, essa festa Pesach (Páscoa) ocorreu, se contarmos os dias no padrão ocidental, em uma quinta-feira a noite. Sim, isso mesmo, não foi em um domingo. Nesse dia, os discípulos perguntam para Jesus onde ele queria que se preparasse a Páscoa (Mateus 26:17), e chegando a hora da refeição ouve uma grande surpresa. No lugar da Páscoa, houve a Ceia! Enquanto a primeira Páscoa foi o ultimo dia de escravidão do povo hebreus, a primeira santa Ceia foi o ultimo dia de escravidão do homem pelo pecado. Enquanto na Páscoa se comia a carne de um cordeiro sem defeito, na Ceia se comeu a carne do cordeiro de Deus, na forma de pão. Na Páscoa o sangue do cordeiro salvou a vida dos primogênitos dos hebreus, na Ceia o sangue de Jesus, que nos lava de todo pecado, foi bebido na forma de vinho. Da mesma forma que Deus deu a Páscoa para lembrança dos seus feitos para as gerações, Jesus nos deu a Ceia para que recordemos dele toda vez que a tomarmos (1 Corintios11:25). Glória a Deus!
Vemos que a Ceia é a "Páscoa cristã" que "substituiu" a Páscoa judaica. A Páscoa, na Bíblia nunca é citada como uma festa cristã. Pelo contrário, no evangelho de João, é citada como sendo uma festa dos judeus (João 6:4, 11:55 e 2:13).
Então o que é nossa Páscoa? É uma festa de significado cristão, com nome de festa judaica, na data e com símbolos de festas dos povos do nórdicos (data da colheita, por conta equinócio da primavera no hemisfério norte e coelhos e ovos que simbolizavam fertilidade). Por causa disso deveríamos nós cristãos ignorar seu significado? Claro que não! Podemos nos lembrar da "Páscoa cristã" pelo seu nome menos popular, o "Domingo da Ressurreição", e comemorarmos verdadeiramente a morte e ressurreição de Cristo, por que essa é o motivo maior da nossa fé e esperança. Como disse Paulo, se Cristo não ressuscitou, nossa fé é
vã (1 Coríntios 15:14). Boa noite!

terça-feira, 15 de abril de 2014

A trancedência divina

"Eu sou o Alfa e o Ômega, o Primeiro e o Ultimo, o Princípio e o Fim" (Apocalipse22:13)
É muito interessante nós, com nossas mentes finitas, tentarmos imaginar a a grandeza de Deus. Costumo dizer, até me baseando levemente no que Paulo diz em 1Corintíos15:39-40, que explicar ao homem como é ser Deus deve ser como explicar a uma planta o que é ser um homem, ou seja, impossível. Deus transcende a nossa realidade, por isso, mesmo Moisés tendo falado face a face com Deus (Exodos33:11), e tendo aparecido em visão para Ezequiel e Isaías (Ezequiel1 e Isaías6), estes viram apenas uma representação visível, uma fração do que seria Deus, até por esse motivo que o evangelista João diz, posteriormente, que ninguém nunca viu a Deus (João1:18), por que seria impossível para nós, que somos finitos, vermos o infinito por completo.
Entre as infinitudes, pensemos primeiramente na infinitude de espaço, a onipresença: Deus está em todo o lugar ao mesmo tempo. Como exemplificado no Salmo139, Deus está em todo lugar, aqui, aí, até o lugar mais distante que possamos imaginar. A própria grandeza da criação nos assusta: nosso sistema solar tem mais de 400 bilhões que quilômetros de eixo e é apenas um pontinho mínimo dentro da via láctea, que por sua vez e um pontinho entre tantas outras galáxias. Mas Deus ainda é maior que tudo isso, pois Ele mesmo criou o espaço existente, e está em todo ele ao mesmo tempo! Diante disso vemos que não é exagero de Isaías quando, inspirado pelo Espírito, escreve que "todas as nações são [...] menor que nada" (Isaias40:17).
Em segundo lugar podemos pensar em sua infinitude temporal: como pensar em algo que nunca teve início? E se formos ainda mais longe: não só não teve início como também criou o tempo. Deus nunca "nasceu" pois foi ele quem criou o tempo, logo o tempo não existia até Deus cria-lo. Então podemos afirmar que Deus está, também, em todos os tempos simultaneamente! Passado, presente, futuro são apenas questões finitas, do homem. É isso que Pedro quer nos explicar quando diz: "Para o Senhor um dia é como mil anos, e mil anos com,o um dia" (2Pedro3:8).
Você pode me perguntar como pode Deus existir, antes da criação,
sem um espaço e sem tempo? Ou como pode estar ao mesmo tempo em todos os lugares e épocas? Seria impossível explicar! Mas é exatamente essa sensação que queria passar. Que possamos não tentarmos medir o imensurável, mas entendermos nossa insignificância diante de um Deus transcendente que, apesar de toda sua infinitude, se importa conosco e nos ama de forma pessoal. Diante disso tudo posso apenas agradecer e dizer: quão grande é meu Deus! Boa noite!

terça-feira, 8 de abril de 2014

Amor: o maior dom

"Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como sino que ressoa ou como o prato que retine. Ainda que eu tenha o dom de profecia e saiba todos os mistérios e todo o conhecimento, e tenha uma fé capaz de mover montanhas, se não tiver amor, nada serei. Ainda que eu dê aos pobres tudo o que possuo e entregue o meu corpo para ser queimado, se não tiver amor, nada disso me valerá." (1Corintios13:1-3)
Essa passagem que é tão conhecida por aí pela sua poética e pela música Monte Castelo da Legião Urbana é alto explicativa. Escrita por Paulo nas cartas aos coríntios, após uma longa explicação a cerca dos dons espirituais de curas, línguas e milagres ele para e escreve: "Passo agora a mostrar um caminho mais excelente" (12:30), e escreve os versos acima retirados, mostrando a primazia do amor em relação a qualquer outro dom.
Muitas vezes, dentro da igreja, esquecemos desse "caminho mais excelente" proposto por Paulo, e acabamos vivendo um evangelho que, se analisarmos segundo o texto, será vazio. Não lembramos do que Jesus diz no final do capítulo 22 de Mateus sobre os dois maiores mandamentos: amar a Deus sobre todas as coisas e o próximo como a ti mesmo, por que todas as leis e os profetas dependem disso. (Mateus22:37-40).
Vejo muito isso em pessoas que querem defender o evangelho com unhas e dentes, e com isso, acabam provocando mais calor do que luz. Em uma experiência que vivi em um ponto de ônibus vi um evangelismo sem amor: o homem foi falar de Cristo para uma budista, e após saber que a mulher era budista a interrompeu:
- Mas como esse tal Buda nasceu? - Provavelmente para dizer que Buda nasceu de formas naturais e Jesus foi concebido miraculosamente.
- Meu homem, Buda não é uma pessoa! - Ele não sabia que Buda não era um nome de uma pessoa!
- Claro que é! Eu fiz curso de teologia e você quer me dizer que não sei que Buda não era uma pessoa! - Agora ele chegou a máxima que querer ensinar a própria budista sobre sua religião. Já com raiva, ela olhou para mim e disse:
- Esses crentes não sabem falar de nada, acham que só eles estão certos. Vai falar de literatura, para ver se eles sabem de alguma coisa! - e saiu e foi pegar o ônibus em outro ponto. Depois ele me falou:
- Jesus disse que nem todo mundo ia aceitar sua palavra.
E o pouco de tempo que tive com ele tentei explica-lo que, na verdade, grande parte da culpa da mensagem não ter chegado a pessoa também foi dele. Um evangelismo, ou qualquer outra coisa feita dentro da igreja, sem amor, será infrutífera. E isso me faz pensar quantas coisas infrutíferas estão sendo feitas dentro da igreja. Precisamos amar! Ouvir mais do que falar, entender mais do que julgar, se por verdadeiramente no lugar do nosso próximo. O evangelho é muito melhor pregado pela demonstração de amor do que pelos argumentos. E não só no evangelismo, mas tudo que fazemos na igreja deve estar baseado, primeiramente no amor a Deus e depois no amor ao próximo. Boa Tarde!

terça-feira, 1 de abril de 2014

Ganhador de almas?

"Eu plantei, Apólo regou, mas Deus é quem fazia crescer; de modo que nem o que planta nem o que rega são alguma coisa, mas unicamente Deus, que efetua o crescimento."(1 Coríntios 3:6-7)

No texto acima, Paulo explica aos coríntios que, nem ele que foi o fundador da igreja naquela cidade, nem Apolo, que foi o irmão que deu continuidade a seu trabalho, são dignos de honra, mas unicamente Deus, que foi quem fez a igreja crescer. Há algo aí que muitas vezes não é bem compreendido dentro de nossas igrejas, é que somos apenas instrumentos de Deus.
Muitas vezes já vi pessoas falando que já ganharam uma tal quantidade de almas para o Reino, sem se dar conta, primeiramente, de todo processo que a pessoa passou antes de aceitar Jesus. Com certeza, pregar um dia em uma igreja e tal pessoa aceitar Jesus não é nem 10% do trabalho, é só colher o fruto, que  é muito mais fácil do que plantar e regar. Na minha pouca experiência com evangelismo percebi que quando uma pessoa aceita a Jesus durante o trabalho é como se Deus estivesse colocando a bola no nosso pé, com a gente na frente do gol, e dissesse "agora é só chutar"! Só estamos colhendo do trabalho de muitos outros irmãos, muito tempo de testemunhos e palavras que a pessoa viu e ouviu. Mas ainda que falemos de Jesus pela primeira vez para a pessoa, acompanhemos todo seu processo até o momento do batismo não poderíamos nos glorificar de nada: pois é o Espírito Santo que convence o homem do pecado, da justiça e do Juízo (João16:8). É quando a pessoa está a sós, pensando em tudo que ouviu que o Espírito age em seu favor. É Deus quem dá o crescimento. Embora possamos sim nos alegrar, pois como diz a continuidade do verso de Coríntios acima "O que planta e o que rega têm um só propósito, e cada um será recompensado de acordo com seu trabalho."(1 Coríntios 3:8) temos que compreender nossa função de instrumento. Muitos são os que tentam enfiar o evangelho goela abaixo da pessoa, tentando convencer que todos os fatos biblicos são verdadeiros, ridicularizando as outras religiões, e quase obrigando a pessoa a aceitar a Jesus, quando, na verdade, essa não é a nossa função, mas convencer é função exclusiva do Espírito. Nossa obrigação e falar a palavra, pois se não ouvirem, não terão como crer (Romanos10:14), e Jesus mesmo nos adverte que encontraremos diversos tipos de recepção à Palavra de Deus (Marcos4). Falo isso não só teoricamente, mas como testemunha: quando a pessoa não quer, o pastor pode chama-la a frente da congregação, orar por ela, insistir para ela aceitar Jesus que nada disso terá efeito, mas quando a pessoa quer, ou melhor, quando o Espírito Santo tocou verdadeiramente a pessoa, você talvez nem precisará chama-la para ir a igreja, ela mesmo se convidará. E ainda que não, lembre-se que talvez essa semente que você plantou hoje alguém irá regar, e outro ainda colherá, e você nem ficará sabendo. Tudo é claro, diante do crescimento de Deus, pois sem Ele, todo o trabalho seria em vão! Boa Tarde!