sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Cristianismo ou cultura gospel?


"Tornei-me judeu para os judeus, a fim de ganhar judeus. Para os que estão debaixo da Lei, tornei-me como se estivesse sujeito à Lei [...] a fim de ganhar os que estão debaixo da Lei. Para os que estão sei lei, tornei-me como sem lei [...], a fim de ganhar os que não tem Lei. Para os fracos, tornei-me fraco, para ganhar os fracos. Tornei-me tudo para com todos, para de alguma forma salvar alguns. Faço tudo isso por causa do Evangelho, para ser coparticipante dele." (1 Coríntios 9:20-23)

Estudando um pouco sobre a história da Igreja percebi como, muitas vezes, o evangelho é confundido com uma cultura. Infelizmente, muitos países foram fechados para o evangelho por conta de missões que quiseram transformar a cultura, e não só simplesmente pregar a Cristo. E as próprias pessoas também agem dessa forma contra quem deseja muda-las e o apóstolo Paulo sabia disso.
No texto acima conseguimos entender que Paulo, para levar as pessoas à crença no Evangelho, se misturava culturalmente com elas. Se fazia igual a elas, mesmo não sendo. Como professor do Estado, percebo que quanto mais os alunos percebem que eu passei pelas mesmas fases que eles estão passando, na minha adolescência, mais me respeitam. Com o evangelho é a mesma coisa. Temos que aprender a nos fazermos, mesmo sem sermos, para alcançarmos as pessoas, pois, dando um exemplo extremo, se você quiser evangelizar um surfista, na praia, você estando de terno e gravata e chamando o cara de "vaso", ele provavelmente vai te interpretar como um ET e não vai considerar uma palavra que você disser.
Outra coisa que acontece é a intimação ao novo convertido para mudar sua cultura para se tornar cristão. Frases como "mas para você vir para igreja você tem que deixar de ouvir rock" ou "olha, você vai ter que parar de usar os brincos para participar dos jovens" tem um peso gigantesco para quem as ouve. No lugar de aproveita o fato da pessoa curtir um rock e, de repente, presenteá-la com um CD do Oficina G3, por exemplo, a pessoa simplesmente demoniza a cultura da outra é quer sujeita-la a padrões, como ouvir músicas do estilo gospel, parar de usar maquiagem, quando, como já disse, no fim das contas, fazer essas coisas nada influenciam para a salvação. Muitos consideram a questão dos "usos e costumes" algo que não se pode discutir, um tabu de cada igreja, mas, se não tomarmos o devido cuidado, pode ser mais uma ferramenta para afastar o novo convertido da Igreja e, consequentemente, de Deus.
Um ultimo problema que isso acarreta é que, muitas vezes, temos pessoas convertidas a cultura gospel mas não a Jesus. A pessoa usa todas as roupas cristãs, ouve apenas hinos, (que, como já falei no blog, nem sempre são verdadeiramente cristãos), sabe todos os jargões cristãos mas em si mesma não é convertida a Cristo. Isso nada mais é que o fruto de um evangelismo cultural, assim como faziam os fariseus descritos em Mateus 23:15.
Concordo sim que, muitas coisas culturais não são compatíveis ao cristianismo, mas modificar a pessoa por fora sem modifica-las internamente não adianta nada. Cabe a nós perceber onde acaba o cristianismo e começa a cultura gospel. Pois, como o próprio Jesus disse, ainda em Mateus 23 que "Ai de vocês, mestres da lei e fariseus, hipócritas! Vocês limpam o exterior do copo e do prato, mas por dentro eles estão cheios de ganância e cobiça. Fariseu cego! Limpe primeiro o interior do copo e do prato, para que o exterior também fique limpo." (v.25 e 26). Boa noite!

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